
mais uns trabalhos de graffiti do ice...
dessa vez em carros e capacetes para motos....
Pichação vs. Graffiti
O tema é polêmico e vem se tornando cada vez mais parte do nosso cotidiano: a proliferação de pichadores e pichações pelas grandes cidades do Brasil.Os que a defendem dizem que ela é a forma primordial do graffiti, um estilo livre de manifestação. Alguns a chamam de "estilo vandal" - uma referência a vandalismo - e se vangloriam disso. Os que a acusam dizem que a pichação atenta contra o patrimônio público e particular e é tão somente uma manifestação de agressão, sem cunho reinvidicativo. A verdade é uma só: nossas metrópoles vêm ficando cada vez mais poluídas visualmente falando.Há mais ou menos um mês atrás, num debate em que participei na periferia de Porto Alegre, o tema foi levantado e discutido. Não em minúcias, mas pôde nos dar uma boa noção do que uma parcela e outra da população vêm achando disso tudo e, principalmente, o que àqueles que são a cultura Hip-Hop, incluindo graffiteiros, pensam a respeito da pichação. Não foi com surpresa que presenciamos a ignorância de algumas pessoas quanto à questão. Pichação não é graffiti e de forma alguma representa a cultura Hip-Hop ou tem alguma ligação. Mesmo assim, por uma série de motivos que não adiantaria listar aqui, essa espécie de vandalismo é hoje fortemente vinculada a ela.Novamente nos debatemos com a questão de como o jovem de hoje interpreta e compreende o Hip-Hop. Certamente não é da forma que Afrika Bambaataa gostaria. O Hip-Hop hoje já nem é lembrado como cultura e sim como estilo musical. Já começa tudo errado. Pra completar, a arte do graffiti, que está historicamente ligada a cultura de rua, vem perdendo muito espaço perante a nova geração. Pichar é mais fácil, graffitar é complexo. Exige mais esforço, treino e criatividade. Talvez esses sejam alguns dos motivos que afastam tanto o jovem, que procura a arte de rua como forma de manifestação, do graffiti.Existem até mesmo graffiteiros que se dizem "desligados" da cultura Hip-Hop. Alguns afirmam que nunca tiveram contato. Intitulam-se artistas plásticos independentes. Tudo muito bonito, mas numa clara demonstração de desrespeito e, por que não dizer, de desconhecimento histórico da arte do graffiti, que está visceralmente ligada à cultura de rua.O reflexo da pichação não é incomum. Num mundo de facilidades - onde o computador e a televisão assumem o papel do lápis, da calculadora e dos livros – nossos jovens acabam por cultuar a ociosidade e o pouco esforço. Muitos dos adultos de hoje também passam por isso, não é mesmo? O que esperar de quem vem chegando. A pichação tem a mesma representação. Ela é grosseira e simples, rápida e direta. Basta um tubo de spray, uma boa dose de revolta, iniciativa e coragem e está feito o estrago no muro da sua casa, do seu prédio ou de qualquer monumento ou prédio estatal de sua cidade. O resultado é bonito? Válido? Eu não acho.A sociedade já está em pé de guerra. O governo - através dos "braços da ordem", a polícia civil e militar – já caça estes jovens vândalos pelas ruas. O povo, em sua maioria descontente com as pichações, auxilia denunciando e, algumas vezes, age por conta própria, na tentativa de bloquear a ação destes delinqüentes. Não se pode condenar. Todos tem o direito de defesa. Mas o que podemos fazer para modificar esse quadro de desrespeito e vandalismo? Novamente poderíamos elencar a educação como um ponto fundamental. É, eu realmente bato o pé nisso.A solução pode estar nas mãos de nossos valorosos graffiteiros. A simples punição – lá vou eu de novo – não leva a nada! Não modifica a condição do pichador. Muito pelo contrário, é bem capaz de torná-lo ainda mais enraivecido e potencialmente mais audacioso. Precisamos, sim, dos graffiteiros agindo como educadores. Nossos governantes precisam atentar para essa solução. Colocarmos o jovem infrator frente a frente com um artista do graffiti, pronto para lhe passar conhecimento, técnicas de criação e pintura, valores e princípios positivos. Mostrar ao pichador que um mundo alternativo de cores e arte existe e que dele se pode fazer parte. Que a arte do graffiti pode ser ainda mais impactante, se o que se deseja é manifestar, e também rentável.